as principais doenças que atingem os homens no Brasil

Os homens vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, e boa parte dessa diferença se explica pelo impacto das doenças crônicas não transmissíveis, dos cânceres mais prevalentes e também das chamadas causas externas, como acidentes e violência. Somado a isso, há fatores culturais que ainda dificultam a busca por atendimento preventivo, já que muitos homens só procuram ajuda médica em situações graves.

doenças crônicas e fatores de risco

Os homens morrem mais do que as mulheres na maioria das causas e em todas as faixas etárias, além de apresentarem maior tendência à mortalidade precoce, especialmente decorrente de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis, como as cardiovasculares, respiratórias, metabólicas (como diabetes e hipertensão) e os cânceres.

Homens têm de 40% a 50% mais risco de morrer por alguma dessas doenças em comparação com mulheres. Fatores de risco como tabagismo, consumo abusivo de álcool, sedentarismo, dieta inadequada e obesidade estão diretamente relacionados a esses números.

A prevenção passa por mudanças no estilo de vida, como a prática regular de exercícios, alimentação equilibrada, abandono do cigarro — e também pelo acompanhamento médico periódico, algo que ainda é negligenciado por boa parte da população masculina.

câncer: um desafio para a saúde masculina

O câncer de próstata é um dos principais desafios de saúde masculina. Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que ele figura entre os mais frequentes, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Quando diagnosticado precocemente, as chances de cura são elevadas, mas muitos casos ainda chegam em estágios avançados, aumentando a mortalidade, devido à negligência dos homens com o acompanhamento médico preventivo.

Outro alerta importante é o câncer de pele, que causa mais mortes entre homens: levantamento da Sociedade Brasileira de Dermatologia mostrou que, entre 2010 e 2019, 57,5% dos óbitos foram masculinos. Há ainda cânceres de boca, pulmão e bexiga, muito associados ao consumo de tabaco e álcool.

A prevenção envolve desde medidas simples, como uso de protetor solar e consultas regulares ao dermatologista, até exames de rastreamento, como PSA e toque retal para próstata, além de políticas públicas de vacinação contra HPV e hepatites, que também impactam na redução de casos oncológicos.

diabetes, obesidade e hipertensão

Doenças metabólicas, como diabetes, obesidade e hipertensão, também crescem entre homens. O Vigitel 2023, levantamento do Ministério da Saúde sobre fatores de risco, mostra que mais da metade da população adulta apresenta excesso de peso, sendo maior entre os homens (63,4%), com aumento consistente da obesidade nos últimos anos. Entre a população fumante, os homens também se sobressaem.

Essas condições, muitas vezes silenciosas, são porta de entrada para infartos, acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e insuficiência renal. Por isso, medir regularmente a pressão arterial, acompanhar taxas de glicemia e colesterol e adotar hábitos saudáveis são medidas fundamentais para evitar complicações.

causas externas e saúde mental

Além das doenças crônicas, é preciso destacar as causas externas — acidentes, homicídios e suicídio — como um dos maiores responsáveis pela mortalidade prematura masculina. Em alguns estados, como Goiás, esses fatores respondem por mais de 40% das mortes de homens entre 20 e 59 anos.

O dado revela um aspecto não apenas de saúde, mas também social e cultural: maior exposição a situações de risco, comportamentos violentos, imprudência no trânsito e dificuldade em procurar apoio psicológico. O suicídio, em especial, é uma questão crescente: em 2021, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 519 mil homens morreram por suicídio no mundo, mais que o dobro das mulheres.

Investir em saúde mental, quebrar tabus sobre o cuidado emocional e facilitar o acesso a atendimento psicológico são passos urgentes nesse contexto.

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outras condições importantes

Outras condições ainda pesam na saúde dos homens brasileiros. As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como sífilis, HIV e hepatites virais, seguem prevalentes. Dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia mostram que os homens representaram a maioria dos casos de sífilis nos últimos anos.

Além disso, doenças como hanseníase ainda afetam principalmente a população masculina, que correspondeu a 55% dos diagnósticos na última década. Mesmo problemas de pele, como calvície, infecções e dermatites, embora não fatais, impactam diretamente a autoestima e a qualidade de vida. E os homens ainda costumam evitar procurar ajuda do profissional de saúde.

a importância da prevenção e da mudança cultural

Diante desse cenário, políticas públicas como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), criada em 2009, e campanhas de conscientização, como o Novembro Azul, são essenciais para ampliar o acesso à atenção básica e estimular os homens a cuidarem mais de si.

No entanto, a mudança cultural também é fundamental: incorporar consultas de rotina, falar sobre saúde mental, valorizar hábitos saudáveis e compreender que autocuidado não é sinal de fraqueza, mas de responsabilidade.

Cuidar da saúde masculina no Brasil significa olhar para doenças crônicas, cânceres e causas externas de forma integrada, mas também enfrentar os fatores culturais que ainda afastam os homens dos consultórios médicos. Quanto mais cedo o cuidado for incorporado no dia a dia, maior a chance de viver mais — e melhor.


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